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Arte da Dança, com o Grupo Corpo, encerra o 31º Festival de Curitiba com Guairão lotado

Com duas sessões de ingressos esgotados no Teatro Guaíra, na capital paranaense, neste sábado e domingo (08 e 09/04), o renomado Grupo Corpo, de Belo Horizonte (MG), cia de dança contemporânea com reconhecimento internacional, encerrou o 31º Festival de Curitiba, evento que teve início com foco no teatro, mas que no decorrer de suas edições acabou abraçando todas as formas de artes cênicas.

O programa apresentou duas coreografias, ‘Primavera’ (2021) e ‘Breu’ (2007), e a escolha da trupe mineira para o encerramento não foi ao acaso. Primavera é uma coreografia ensolarada, suave, otimista ao passo que Breu é uma peça mais sombria, densa e sufocante. Uma oposição entre o trágico e o lírico que é a própria essência do teatro.

O coreógrafo Rodrigo Pederneiras explica que Primavera foi criada na pior fase da pandemia e os movimentos da dança incorporaram as interdições daquele momento: os bailarinos quase não se tocam em cena. Por outro lado, os figurinos têm as cores da primavera e a trilha sonora traz versões instrumentais de canções do projeto Palavra Cantada, adaptadas para estilos musicais que vão do jazz à percussão afro.

Cena de Primavera, do Grupo Corpo. | Foto: José Luiz Pederneiras

“A ideia era criar um trabalho que trouxesse esperança num tempo melhor, numa vida mais legal e fazer as pessoas saírem do teatro mais alegres e com um horizonte mais claro quando tudo estava muito nublado”, comenta Rodrigo Pederneiras.

Como contraponto, a coreografia de Breu é uma tradução poética da violência e da barbárie que Pederneiras intuiu que podiam dominar a sociedade no futuro quando compôs a peça em 2007 com cenografia e os figurinos escuros, geométricos e cortantes.

Um dos destaques do repertório do grupo desde então, a coreografia de Breu exige um grande trabalho de chão dos bailarinos para acompanhar a trilha original de Lenine que usa samplers, efeitos e citações para criar uma peça única, de oito movimentos, que vai do hard rock à tradição de gêneros populares brasileiros.

“São trabalhos completamente diferentes. Breu fala de violência mesmo, essa vida estranha que a gente vive, muito graças ao Lenine que fez uma trilha fenomenal, que tem um peso raríssimo. Primavera é o oposto e as duas juntas formam um conjunto muito forte em que podemos mostrar as muitas possibilidades novas de dançar e de fazer dança”, explica o coreógrafo.

Cena do espetáculo “Breu” com o Grupo Corpo. | Foto: José Luiz Pederneiras.

Com resultados expressivos nos teatros, ações inovadoras e diferentes públicos abrangidos, a diretora do Festival de Curitiba, Fabíula Passini, classificou a 31ª edição do evento como histórica. “Vivemos um momento de reconstrução e de fortalecimento da arte, após o período crítico da pandemia. Vimos essas vibrações e emoções nos palcos e nas plateias, nas ruas e nos espaços artísticos da cidade, por meio desse importante encontro olho no olho entre artistas e público. É importante ressaltar também o trabalho da curadoria, de toda a equipe de produção e comunicação para o sucesso da 31ª edição”, afirmou.

O diretor do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz, destacou a contribuição do Festival de Curitiba para fomentar a economia criativa da cidade e movimentar a cena cultural: “Entramos na nova década do Festival de Curitiba, após as comemorações dos 30 anos, com o pé direito e recordes de público. Foram centenas de empregos gerados, uma alta movimentação econômica na cidade, com bares, restaurantes, hotéis, ambulantes, transportes e várias áreas do comércio com vendas expressivas. Além dos palcos e junto da arte, o festival fomenta a economia criativa de Curitiba”.

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